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  • Foto do escritorArthur Gadelha

Cinema 2023: 20 filmes favoritos do circuito comercial

Nessa lista, uma seleção de filmes que estrearam em circuito comercial de salas


20. Barbie

Direção: Greta Gerwig

Com muita música, cenas de ação e recheado de piadas sobre como a “cultura masculina” se infiltra na compreensão até da cinefilia, “Barbie” foi feito para ser um sucesso absoluto: sem assustar ninguém e atendendo a esperança de que os filmes simplesmente divertidos voltem a ser o centro das atenções. Ao olhar para o impacto que a boneca tem feito na indústria ao longo de todos esses anos, inclusive complexificando a forma como a sociedade agora interpreta a perpetuação e quebra dos padrões, este filme é como uma revitalização de seu poder, dando a Barbie a inesperada consciência de sua própria eternidade. Leia a crítica completa.


19. Missão: Impossível – Acerto De Contas Parte 1

Direção: Christopher McQuarrie


18. Saltburn

Direção: Emerald Fennell


17. Assassinos da Lua de Flores

Direção: Martin Scorsese

“Assassinos da Lua das Flores” escolhe ser um filme sem picos ou “grandes” acontecimentos para se manter num só volume onde as linhas tênues que constroem cada personalidade são apresentadas de forma simultânea, sem que precise esperar qualquer reviravolta para revelar as “duas caras” de seus antagonistas. O mau-caratismo, a crueldade e a própria violência, assim como a aparência de bondade e a polidez política, está sempre tudo às claras, estampado nos diálogos, nos gestos e até mesmo nos seus rostos e olhares. Robert De Niro foge do que seria uma caricatura fácil, sobrevoando o carinho e a ameaça que seu personagem impõe, assim como DiCaprio que vive o limiar de alguém naturalmente corrompido. Mas o maior brilho está sobre Lily Gladstone, atriz com ascendência indígena que interpreta Mollie Burkhart – ela encanta no silêncio e no detalhe, honrando a própria descrição que o roteiro lhe dá sobre a nação Osage. Leia a crítica completa.


16. Propriedade

Direção: Daniel Bandeira


15. Um Jóquei Cearense na Coreia

Direção: Guto Parente e Mi-Kyung Oh

Que filme fascinante! Até mesmo pelo o que ele não conta. As lacunas que ficam pelo meio do caminho deixam ainda mais curiosa a história de um cearense que faz "sucesso" lá na Coreia à partir de uma relação animal tão onipresente nos nossos sertões, do imaginário dos vaqueiros ao cangaço, onde a velocidade mútua de homem-bicho constrói honra. Sem tantos detalhes de uma montagem que, modestamente, conversa sobre os "lugares" que importam para Antonio, o filme mantém até o fim uma camada de admiração, contemplando a irreverência desse contexto sempre como uma surpresa. Sensação especialmente causada pela trilha sonora do próprio Guto que incide numa charmosa mistura de Ceará e Korea (soma anunciada nos créditos iniciais) como som dos dois mundos colididos de seu protagonista.


14. Fale Comigo

Direção: Danny Philippou e Michael Philippou


13. Close

Direção: Lukas Dhont


“Um braço quebrado dói sim…” Uma raiva que nunca explode, que não quer explodir, que não sabe explodir - diante de uma dor que não sabe existir. Lukas Dhont mira no seu protagonista um medo sem origem, sem destino, complexo de tensões que certamente atravessou a maioria das crianças que foram levadas a se deparar com aquela - logo aquela - dúvida. O olhar de Léo, com culpa e saudade, diz tudo. E o filme vai se deixando levar por toda aquela imobilidade, por aquele silêncio imenso, tornando-o cada vez mais grave e, curiosamente, mais secreto. Leia a crítica completa.


12. Sinfonia de um Homem Comum

Direção: José Joffily


11. Noites Alienígenas

Direção: Sérgio Carvalho


Há algo muito especial aqui nesse embate tão caótico entre a negação da ancestralidade e o colapso de uma civilização corrompida. A expansão das facções do Sudeste pelo Brasil acima não foi algo propriamente anunciado, mas que foi caminhando nas entranhas do sistema até afetar diretamente o próprio espaço urbano, mapeando grupos e limites para além até do que o Estado fosse capaz de prever. Mudou tanto as ruas daqui, no Ceará, quanto as do Acre. Mesmo que seja disperso na relação que faz para o contraponto entre passado e desordem, “Noites Alienígenas” faz questão de colocar isso à mesa. A mesma colonização cristã que segue coagindo culturas indígenas é a que ilhou a desigualdade socioeconômica brasileira e que, para todo lado, resvala na onipresença da criminalidade. Para abraçar isso, Sérgio de Carvalho quase que embarca no delírio da salvação alienígena, mas isso fica ali na borda, na imagem de que a invasão é que está matando. Leia a crítica completa.


10. Nosso Sonho

Direção: Eduardo Albergaria

Quando surgem os primeiros flashbacks com imagens desestabilizadas numa indiscreta estética dos grãos de película, já é possível supor que não estamos diante de uma cinebiografia integralmente convencional. Ainda na abertura, a sinergia entre aquelas crianças já consegue colocar sua audiência para dentro de forma simples e direta, nos fazendo acreditar que a ligação entre os dois é algo predestinado, natural, que não tinha como não acontecer. Seja como fantasia polida ou como projeção de sentimentos, o fato é que o alicerce da história está no espaço que ocupam juntos. É um ponto importante para entender o tom dessa trama - que pretende abraçar do surgimento da duplas de MCs até sua ruptura repentina - porque é comum em filmes do gênero que a passagem dos anos seja episódica, particionando muito a forma como as emoções avançam sobre os atores e os novos contextos de seus personagens. Talvez o exemplo mais famoso seja 2 Filhos de Francisco (2005), que começa envolvente e vai se perdendo à medida em que o presente se aproxima. Aqui o ritmo é diferente por dois motivos: o impacto da fama não estar ao centro do conflito e a escolha acertada de que todos os sentimentos sejam guiados pela naturalidade desconcertante do Juan Paiva, ator que interpreta o Buchecha. Leia a crítica completa.


9. Monster

Direção: Hirokazu Kore-eda


8. Gato de Botas 2: O Último Pedido

Direção: Joel Crawford


Agora sim! Nessa sequência lembraram que Gato de Botas “nasceu” numa franquia de conto de fadas, lembraram da fantasia, da diversão, do sonho. E o panorama todo é muito bom: a última vida das nove de um gato (não eram sete?), de alguém que não tinha medo da morte. O assobio da morte é de arranhar a espinha. Chorei umas três vezes (especialmente na do cachorro confortando a taquicardia) porque as vezes esqueço que não me esperam outras vidas… que delícia ser lembrado disso por um desenho tão cativante, tão inspirado, tão cheio de energia e construído por profissionais apaixonados pela animação. Quando o destino se revela entre Gato e Kitty, lembro da Trinity saltando do prédio com Neo em Matrix 4 na certeza do futuro, da declaração de amor piegas wong kar wai do Everything Everywhere All At Once. Nessas histórias, a descoberta de algo que nunca foi segredo nem sobre a vida, nem sobre o tempo: tudo acaba.


7. Mato Seco em Chamas

Direção: Joana Pimenta e Adirley Queirós


A montagem escolhe fazer deste um filme imenso. Ele poderia ter 1h30 se quisesse ser uma história de conflito-solução. Mas ele não quer ser isso. O Brasil, como a gente já sabe, não tem solução. Ele quer olhar e imaginar um tempo entre lá e aqui, uma distopia atemporal (?) pois tem cara de um futuro que acontece agora. As motos roncam, os cigarros queimam, e a gente vai mergulhando na hipnose de uma cidade, de uma nação, de mulheres que se encaram numa existência sem fim. É fantasia, mas ainda é documento. É pergunta e resposta, de novo e de novo, na promessa vazia de um mundo pelo qual vale a pena lutar. Leia a crítica completa.


6. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Direção: Joaquim Dos Santos, Justin K. Thompson e Kemp Powers


5. Bem-vindos de Novo

Direção: Marcos Yoshi

Desde que ferramentas e processos digitais se multiplicaram na feitura do cinema brasileiro, somado ao crescimento exponencial das faculdades e escolas públicas de cinema, tornou-se comum esse “cinema-umbigo”, termo bem aleatório que não utilizo aqui como forma de desprezá-lo. Cineastas que, testando suas visões artísticas, filmam a si próprios e seus arquivos para propor um exercício de alteridade. Em filmes como Abissal (2016) e O Amigo do Meu Tio (2021), por exemplo, histórias familiares que precisam acessar o campo emocional da “reconciliação” para justificar o embarque – veja só, não é a imagem por sua “facilidade”, mas por uma proposta de resgate. Bem-vindos de Novo, longa de estreia do Marcos Yoshi, entra nesse campo de forma explícita – sendo logo esta, tão espinhosa, sua qualidade mais intrigante. É um curioso ponto de partida pois o diretor aproveita que também não conhecemos essas pessoas para construir uma cumplicidade bem resolvida entre nós e a “invasão” nas poucas memórias e gestos surpreendentemente francos do presente. É revelador, por exemplo, que os pais estejam tão conscientes da ausência que cavaram nos filhos ao ponto de anunciar essa sensação didaticamente, e de compreenderem o próprio projeto de uma câmera como mediadora do processo. Eles percebem quando erram algo e pedem para regravar, naturalmente topam refazer passos para que o enquadro no plano seja certeiro – uma ficção compartilhada quase que à espelho da inserção que André Novais Oliveira fez com seus pais e que chacoalhou tanto nosso cinema. Leia a crítica completa.


4. Babylon

Direção: Damien Chazelle

Com uma energia digna de Gaspar Noé, o prólogo de Babilônia põe em jogo todo humor e contradição do gesto: uma longuíssima festa que comove a cada novo segundo com direito, claro, a uma trilha sonora que não descansa na missão de se fazer memorável. Estamos numa festa da “elite” da indústria cinematográfica e absolutamente tudo impressiona: o ritmo da montagem, a figuração, o desenho de produção e principalmente a direção que parece deslizar a câmera pelo imenso cenário sem dificuldades. Tem sexo, tem mijo, tem ego, tem morte, tem fé. Ali dentro estão barões do cinema mudo, personalidades da mídia e, o que mais nos interessa, os anônimos, aspirantes a fazer parte daquele inferno: Manny e Nellie, figuras da margem na mira do centro. Na cena seguinte, vamos descobrindo que o filme é deles, enquanto vislumbram o poço de privilégio, preconceito e exclusão desse universo que sempre sonharam fazer parte. Leia o texto completo.


3. Marinheiro das Montanhas

Direção: Karim Aïnouz


Com o susto de “parecer turista” aos conterrâneos, o diretor aponta constantemente sua câmera para eles com simpatia e uma anunciada busca de reconhecimento, gesto que tenta observá-los sem o exotismo comum a estrangeiros alheios àquela realidade social e histórica. Para isso, emula uma mistura da espontaneidade de Coutinho com os contadores iranianos Panahi e Abbas, lembrando até o radiografia que o palestino Kamal Aljafari faz de seu povo. Ao mesmo tempo que tem essa camada mais física, o filme também vai mergulhando num fluxo subjetivo de recortes e fragmentos, fazendo com que Karim se torne tão fantasmagórico quanto sua mãe, estrangeiros sem lugar para onde voltar. As ruas, as noites, as paisagens, as pessoas, além de intervenções de arquivo – a guerra contra a colônia que marcou a vida do avô, a orla de uma Fortaleza que nunca mudou, o quintal, as fotos e os aniversários de alguém que lhe deu a vida. História do mundo e de si ganham vida em conjunto, como se fosse um Godard de sua última fase experimental olhando para diferentes relógios, analógicos e digitais, com fusos-horários intermitentes, para construir a imagem de um tempo só. Leia a crítica completa.


2. Medusa

Direção: Anita Rocha da Silveira

Diante de tudo o que estamos vivendo, acho que este é mesmo um grande filme. Olhando para a forma como o Brasil é hoje, e de onde ele veio, Anita Rocha da Silveira consegue construir algo assustador mesmo que seja - e assim queira - tão ridículo, tão óbvio, tão literal na composição da caricatura. Na trama que se perde nas próprias voltas, assim como todas as personagens, estamos vivendo numa realidade onde a “Lei de Deus” consegue ditar a violência de forma mais estrutural. Mas diferente de Divino Amor (2019), que se basta no absurdo, Medusa entende mais o lugar da piada como projeção das coisas que já existem. Leia a crítica completa.



1. Sem Ursos

Direção: Jafar Panahi

Diante da censura e da perseguição, como Panahi poderia filmar o mundo sem a própria epifania que é poder filmá-lo? Como filmar outra coisa se não fronteiras? Fronteiras entre países, entre culturas, entre liberdade e prisão, entre passado e futuro, entre a vida e a ficção do cinema, das tradições, das religiões, das cidades e de si mesmo. Mesmo que essas linhas imaginárias já estivessem traçadas nos trabalhos anteriores, com destaque para "Taxi Teerã" (2015) que traz atores não-profissionais para revelarem sensações da sociedade iraniana, este aqui traz uma literalidade "nova" no seu modo de guiar histórias a qual pertence. Panahi faz de sua condenação uma permanente dúvida – e sempre um gesto genuíno – sobre como se comportar diante da realidade, como escondê-la ou escancará-la, como mantê-la viva e por perto. Leia a crítica completa.

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