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  • Foto do escritorArthur Gadelha

Sem ritmo e urgência, série ‘Percy Jackson’ falha como alternativa e como projeto

★★☆☆☆ Com o fim da primeira temporada, a Saga dos Olimpianos se mostra refém de uma proposta esvaziada de personalidade



Nesta semana, a Disney lançou o último episódio da primeira temporada de "Percy Jackson e os Olimpianos", série que adapta o primeiro livro da saga mais de 10 anos depois que Chris Columbus levou o universo para as telas do cinema. Frustrando fãs e demais espectadores que consumiam franquias literárias adolescentes nos anos 2010, o autor Rick Riordan causou grande expectativa ao anunciar que estava envolvido em uma nova versão da história, dessa vez no formato de série para o streaming.


Já nos primeiros episódios, porém, era notável a fragilidade de uma dramaturgia engasgada pelo texto e principalmente pela direção e pela montagem que não conseguiam construir qualquer tensão ou gravidade diante da missão que Percy e seus amigos precisavam enfrentar. Os combates com a Sra. Dodds e com a Medusa, por exemplo, escancaram uma criatividade rasa para lidar com as possíveis limitações de orçamento ou do próprio discurso.


A súbita tomada de consciência de Percy sobre sua nova realidade e a forma imediata com que embarca em uma jornada que carrega o destino do próprio mundo também deixaram a sensação de uma história sem fôlego, apesar da contradição desta ter muito mais tempo que os clássicos 120 minutos. Ao longo das semanas, parte da audiência chegou a se voltar para o próprio filme, tão renegado, ao perceber que, apesar de todas as distâncias daquela história com seu material de origem, aquele era um projeto com mais identidade, pulso e urgência.



Na dianteira do elenco, Walker Scobell, Leah Jeffries e Aryan Simhadri demoram para engatar - especialmente Walker que custa a naturalizar o carisma que seu personagem exige -, mas eles vão encontrando certa sinergia à medida em que os episódios avançam. O que nunca é suficiente pela forma como a trama cria obstáculos inofensíveis e os faz ter acesso à revelações imediatas, a somar-se as passageiras intervenções de outros deuses.


Quando surgem o Mundo Inferior e o Olimpo, há um respiro empolgante com a inserção de cenários que nos levam a sentir a breve presença de um atmosfera que intimide, de fato, e dessa vez bem mais atraentes do que a construída no filme. O castelo de Hades e a dimensão do reino de Zeus são configurações envolventes, embora durem tão pouco com diálogos curtos e sem evolução.


No fim das contas, está claro que este novo capítulo tentou atualizar Percy Jackson para uma "Proposta Disney" mais limpa e inócua que só demonstra a miopia de um discurso que torna a série tão falha como alternativa àquela primeira jornada de 2010 quanto como projeto de um novo rumo para esse universo onde deuses e humanos conversam num bar à beira da estrada.

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