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  • Foto do escritorArthur Gadelha

31º Cine Ceará: expectativas de uma nova safra do cinema cearense

ENSAIO Com 21 filmes cearenses no catálogo deste ano, começam as expectativas do que conheceremos entre os dias 27 de novembro e 03 de dezembro

Fortaleza Hotel (2021), de Armando Praça

Embora hoje tenha o título de um festival ibero-americano, o Cine Ceará nasceu nos anos 1990 para celebrar, especificamente, a produção de cinema em Fortaleza, capital cuja cultura educacional de cinema foi praticamente desenvolvida do zero ao longo desses mesmos 30 anos em que o evento existe. Ampliando o acesso à ferramentas, técnicas e ideias, o cinema cearense foi abalado diretamente pela criação de escolas públicas como Vila das Artes (município), Porto Iracema das Artes (estado) e Casa Amarela Eusélio Oliveira (federal), além do próprio curso de cinema da Universidade Federal do Ceará (UFC), e também da esfera privada com a graduação na Universidade de Fortaleza (Unifor) e especialização no Centro Universitário 7 de setembro.


Como o evento de cinema mais tradicional do Estado, o Cine Ceará tem entre suas missões propor um panorama dessa produção, especialmente na Olhar do Ceará, mostra paralela que a cada ano cresce em debate e repercussão. Desde que incluiu longas-metragens em sua programação, em 2019, essa seção sempre esteve afiada ao apresentar algumas das obras que seriam elementares para nossa história contemporânea: Cabeça de Nêgo (2020), de Déo Cardoso; Currais (2019), de Sabina Colares e Davi Aguiar; e Tremor Iê (2019), de Elena Meirelles e Lívia de Paiva, por exemplo.


Cena de Muxarabi, de Natália Maia e Samuel Brasileiro

Na seleção de curtas, em meio a uma diversidade de experimentos técnicos e narrativos, também sempre há aqueles que marcam nossa filmografia: Boca de Loba (2018), de Bárbara Cabeça; Cartuchos de Super Nintendo em Anéis de Saturno (2018), de Leon Reis; Cinemão (2016), de Mozart Freire; Close (2017), de Rosane Gurgel; Antes da Encanteria (2016), de Elena Meirelles, Gabriel Pessoa, Jorge Polo, Lívia de Paiva e Paulo Victor Soares; Os Olhos de Arthur (2016), de Allan Deberton; Noite de Seresta (2020), de Sávio Fernandes e Muniz Filho; apenas para citar alguns recentes. Neste ano, 20 filmes compõem a lista, com um visível destaque para os documentários.


Longas-metragens da Olhar do Ceará

  • De uma distância esquizoide, de Gabriel Silveira | Documentário

  • Minas urbanas, de Natália Gondim | Documentário

  • Transversais, de Émerson Maranhão | Documentário

Curtas-metragens da Olhar do Ceará

  • 2020, de Oziel Herbert de Araújo Pereira | Ficção

  • A casa que eu vivo hoje não é casa, de Lara Muniz e Marcus Antonius | Documentário

  • Arte na palha, de Augusto Cesar dos Santos | Documentário

  • As aventuras de Ana e João, de Augusto Cesar dos Santos | Animação

  • Boi coração, de Marcelo Alves e Ângela Gurgel | Documentário

  • Curva sinuosa, de Andréia Pires | Experimental

  • Entre o passado, de Larissa Estevam | Ficção

  • Estilhaços, de Gabriela Nogueira | Horror/Fantasia

  • Fôlego vivo, de Associação dos Índios Cariris do Poço Dantas – Umari | Documentário

  • Ibiapaba, como nascem as montanhas, de George Alex Barbosa | Animação

  • Joelhos, de Yasmin Gomes | Documentário

  • Memória da memória, de Idson Ricart | Documentário

  • Muxarabi, de Natália Maia e Samuel Brasileiro | Documentário

  • Saudade dos Leões, de João Paulo Magalhães | Documentário

  • Sebastiana, de Cláudio Martins | Animação

  • Zé Tarcísio, Testemunha, de Delano Gurgel Queiroz | Documentário


Marcélia Cartaxo em A Praia do Fim do Mundo (2021), de Petrus Cariry

Além dessa mostra, também é admirável o fato de dois longas-metragens cearenses estarem na enxuta seleção de seis filmes da Mostra Ibero-Americana de Longas: Fortaleza Hotel, de Armando Praça; e A Praia do Fim do Mundo, de Petrus Cariry, diretor assíduo do festival que também leva seu outro filme Foi um Tempo de Poesia para a competição brasileiras de curtas. O último filme de Armando, o solitário e elegante Greta (2019), marcou o cinema cearense daquele ano que já estava elétrico por conta de Pacarrete (2019), de Allan Deberton, que venceu oito kikitos no Festival de Gramado. Contando a história de um enfermeiro idoso apaixonado por um criminoso refugiado em sua casa, Greta foi o segundo longa cearense a vencer o prêmio de Melhor Filme no Cine Ceará - o outro foi Mãe e Filha (2011), de Petrus Cariry. Neste ano, curiosamente, Petrus apresenta outro conflito entre mãe e filha que têm impulsos distintos sobre permanecer ou não no "no fim do mundo".



Como todo festival de cinema prestes à acontecer, não há muito como especular sobre os filmes que não vimos, a não ser reconhecer a relevância dos espaços que ocupam na expectativa de que componham à cultura local tal qual a própria tradição anuncia. Os curtas da Olhar do Ceará serão exibidos presencialmente no Cinema do Dragão e virtualmente no canal do YouTube, enquanto os longas serão exibidos presencialmente no Cineteatro São Luiz Fortaleza. O 31º Cine Ceará acontece entre os dias 27 de novembro e 03 de dezembro de 2021.

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